sábado, 8 de junho de 2013

CONHECENDO BOAL

Boal, Augusto (1931 - 2009)

Biografia
Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro RJ 1931 - idem 2009). Diretor, autor e teórico. Por ser um dos únicos homens de teatro a escrever sobre sua prática, formulando teorias a respeito de seu trabalho, torna-se uma referência do teatro brasileiro. Principal liderança doTeatro de Arena de São Paulo nos anos 1960. Criador do teatro do oprimido, metodologia internacionalmente conhecida que alia teatro a ação social.
Conclui o curso de química na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, em 1950, e embarca para Nova York, onde estuda teatro na Universidade de Columbia. Cursa direção e dramaturgia, tendo John Gassner como um de seus mestres.
De volta ao Brasil em 1956, aos 25 anos, é contratado para integrar o Teatro de Arena de São Paulo, dividindo as tarefas de direção com José Renato, mentor artístico da companhia. Passa a exercer natural ascendência sobre os colegas, em função de sua vasta formação intelectual, responsabilizando-se, junto com José Renato, pela guinada no direcionamento do grupo. Investe na formação dramatúrgica da equipe, instituindo um Curso Prático de Dramaturgia. Aprofunda o trabalho de interpretação, adaptando o método de Stanislavski, ao qual teve acesso, através de sua experiência norte-americana, às condições brasileiras e ao formato de teatro de arena, resultando numa interpretação naturalista, até então não experimentada no Brasil. E, fundamentalmente, sua atuação é decisiva no engajamento do grupo na opção ideológica da esquerda brasileira, determinando a investigação de uma dramaturgia e interpretação voltadas para as discussões e reivindicações nacionalistas, em voga na segunda metade dos anos 1950.
Sua primeira direção na casa é Ratos e Homens, de John Steinbeck, que lhe rende seu primeiro Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA, como revelação de diretor de 1956.
No ano seguinte, segue-se Marido Magro, Mulher Chata, uma despretensiosa comédia de costumes sobre a "juventude transviada" de Copacabana, sua primeira incursão como autor. Boal consegue demonstrar domínio na técnica do playwriting americano, mas longe ainda de efetivar uma análise profunda da sociedade brasileira. No trabalho da encenação, em lugar do teatral, avança na busca do coloquialismo. Ainda em 1957, reincide na direção, agora com um texto de Sean O'Casey, Juno e o Pavão, que não alcança sucesso de público.
Em 1958, encena A Mulher do Outro, de Sidney Howard, agravando a crise já instalada no teatro da Rua Theodoro Baima pela seqüência de fracassos anteriores. Eles Não Usam Black-Tiede Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, salva o Arena da bancarrota, e o grupo ressurge como a grande revolução da cena nacional. Para seguir na investigação de uma dramaturgia própria, voltada para a realidade brasileira, Boal sugere a criação de um Seminário de Dramaturgia. As produções, fruto desses encontros, vão compor o repertório da fase nacionalista do conjunto nos anos seguintes. É importante notar que o país passa por uma valorização do "tudo nacional", e que, em paralelo, avançam a Bossa Nova e o Cinema Novo.
Sob sua direção, estréia Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho, em 1959, segundo êxito nessa vertente. O texto investiga a operacionalidade de um pequeno time de várzea, revelando as trapaças políticas que rondam os campeonatos de futebol. Mais uma vez, os protagonistas da trama são de origem humilde. A direção de Augusto Boal é ágil, vigorosa, e ele afirma, através do texto do programa, ter substituído o realismo seletivo pelo realismo teatral, para melhor ambientar o universo proposto pelo autor e para atingir mais "energicamente" o espectador.
Ainda em 1959, dirige para o Teatro das Segundas-feiras, espaço aberto para experimentar os textos advindos do Seminário de Dramaturgia, Gente como a Gente, de Roberto Freire. No sentido de escapar aos estereótipos, de não tipificar o homem brasileiro, seja ele do Nordeste, do Sul ou do interior do Estado de São Paulo, é necessário uma ampla pesquisa de comportamento, ações, modos de falar, pelos atores da companhia.
Sua última direção de 1959 é A Farsa da Esposa Perfeita, de Edy Lima. Ambientado numa região fronteiriça do Rio Grande do Sul, o enredo gira em torno da recuperação da honra de um homem, através da condescendência de outro, em troca dos favores sexuais da esposa do primeiro - típica trama ligada à tradição farsesca.
Fogo Frio, de Benedito Ruy Barbosa, em 1960, ocorre numa produção conjunta entre o Arena e o Teatro Oficina, companhias que, nesse período, vivem intercâmbios constantes: Boal orienta um curso de interpretação para o elenco do Oficina; dirige para o grupo A Engrenagem, adaptação dele e de José Celso Martinez Corrêa do texto de Jean-Paul Sartre, e Antônio Abujamra dirige, no ano seguinte, José, do Parto a Sepultura, de Boal, com os atores do Oficina, que estréia no Teatro de Arena.
Ainda em 1960, seu texto Revolução na América do Sul, com direção de José Renato, o eleva ao posto de um dos melhores dramaturgos do período, lugar que já ocupa como encenador e ideólogo no panorama paulista. O texto inicia a investigação de uma forma não realista, mais próxima ao teatro épico de Bertolt Brecht. Trata-se de uma farsa-revista musical, inspirada nas tradições cômicas e populares, a serviço de um contundente protesto político-social. Boal aprofunda essa conexão entre teatro e agit-prop em Pintado de Alegre, de Flávio Migliaccio, em 1961.
No mesmo ano, completando a fase nacionalista, Boal dirige O Testamento do Cangaceiro, de Chico de Assis, ainda uma abordagem dramatúrgica com base na literatura popular, com cenários e figurinos de Flávio Império e participação especial de Lima Duarte no elenco. A partir de 1962, o Arena inicia uma nova fase: a nacionalização dos clássicos. É nesse momento que José Renato sai da companhia e Boal torna-se líder absoluto e sócio do empreendimento. Encerra-se a leva de encenações dos textos produzidos no Seminário, que levara o Arena a um beco sem saída ao final de 1961, e o grupo modifica sua linha de repertório, retomando o interesse nas questões da cena propriamente dita. A qualidade dos espetáculos torna-se superior. Já em A Mandrágora, de Maquiavel, 1962, Boal volta a chamar a atenção como encenador. O espetáculo é apreciado não por suas intenções políticas, mas por seus valores estéticos: a boa carpintaria dramática, "o frescor da interpretação, maliciosa, irônica, positiva na sua mensagem".
No ano seguinte, novamente acerta ao encenar O Noviço, de Martins Pena, divertindo a platéia com uma sátira bem-humorada do Brasil. Volta a colaborar com o Oficina, dirigindoUm Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. A cenografia de Flávio Impériotransforma a espacialidade do teatro, e o elenco permanente, sob os auspícios do treinamento de Eugênio Kusnet, partilha do sucesso do empreendimento ao lado de atores mais experientes, como Mauro Mendonça e Maria Fernanda.
Em 1963, no Arena, segue-se O Melhor Juiz, o Rei, de Lope de Vega, cujo terceiro ato sofre adaptação radical, subvertendo o significado do original. E, última contribuição de Boal para o "rejuvenescimento dos clássicos", Tartufo, de Molière, cartaz de 1964.
Assim que se efetiva o golpe militar, Boal vai ao Rio de Janeiro dirigir o show Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia). A iniciativa surge de um grupo de autores ligados ao Centro Popular de Cultura da UNE - CPC, posto na ilegalidade - Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa reúnem-se no intento de criar um foco de resistência à situação. O evento torna-se sucesso instantâneo e contagia diversos outros setores artísticos (Opinião 65, exposição de artes plásticas no Museu de Arte Moderna, MAM/RJ, surge na seqüência), aglutinando artistas ligados aos movimentos de arte popular. Esse é o nascedouro do Grupo Opinião, que permanece combativo até 1968.
Retornando a São Paulo, encontra a equipe do Arena em torno do projeto de reconstrução do episódio histórico do Quilombo de Palmares. Com a experiência do Opinião na bagagem, Boal inicia o ciclo de musicais na companhia, integrando o coletivo de artistas em torno de uma nova linguagem. Ele, Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo dão forma aArena Conta Zumbi, encenado em 1965, primeiro experimento com o sistema coringa. Escolhido o recorte do tema, os locais de ação e as principais personagens, a cena ganha um aspecto de grande seminário dramatizado: oito atores revezam-se entre todas as personagens, teatralizando cenas fragmentadas e independentes, enquanto um ator coringa tem a função narrativa de fazer as interligações, como um professor de história que organiza uma aula e dá seu ponto de vista sobre os acontecimentos. O emprego da música torna-se um elemento essencial à linguagem do espetáculo, interligando as cenas, e enriquecendo a trama em tons líricos ou exortativos. O elenco é jovem e bonito, e tem a consciência de utilizar eventos passados para se fazer uma crítica ao presente. Zumbi confirma o Arena na liderança da pesquisa teatral e da luta contra o arbítrio vigente no país.
A bem-sucedida realização, sucesso de público, determina novas versões de Arena Conta..., que resultam na teorização do método. No mesmo ano, Boal escreve e dirigeArena Conta Bahia, direção musical de Gilberto Gil e Caetano Veloso, com Maria Bethânia e Tom Zé no elenco. Segue-se um texto seu e de Guarnieri, pelo Oficina, Tempo de Guerra, construído com poemas de Brecht, com Gil, Maria da Graça (Gal Costa), Tom Zé e Maria Bethânia, sob sua direção.
Em 1966 retoma os clássicos dirigindo O Inspetor Geral, comédia de Nikolai Gogol, uma montagem mal-sucedida. No ano seguinte, é a vez de Arena Conta Tiradentes, repetindo a fórmula criada dentro do grupo. O espetáculo é o resultado mais apurado do sistema coringa, centrado sobre outro movimento histórico da luta nacional: a Inconfidência Mineira. Não há o objetivo de retratar os fatos de forma ortodoxa e cronológica. A intenção é criar conexões constantes com fatos, tipos e personagens relativos ao movimento pré e pós-1964. Do ponto de vista da linguagem, busca-se criar uma empatia da platéia com a personagem de Tiradentes, o herói, através de uma interpretação realista, em contraponto a uma abordagem distanciada para os demais personagens, despertando o entusiasmo revolucionário e uma perspectiva crítica sobre os acontecimentos.
A música tem importância crucial nessa encenação, com direção musical de Theo de Barros. O refrão "de pé, povo levanta na hora da decisão" pontua toda a montagem, conclamando explicitamente a platéia na resistência à ditadura. Responsável pela unidade visual, Flávio Império, cenógrafo e figurinista da montagem, ajuda a conduzir a leitura da platéia na troca de personagens pelos atores através de signos que identificam as personagens.
Essa é a realização de Boal mais importante dentro do Arena em 1967, entre outras que chamam pouca a atenção. O Círculo de Giz Caucasiano, de Brecht, não passa da estréia.La Moschetta é mais uma bem-sucedida atualização de um clássico, sátira renascentista de Angelo Beolco, autor de um teatro cru e violento que se assemelha aos dramas de Plínio Marcos, autor recém-lançado no panorama paulista.
Primeira Feira Paulista de Opinião, concebida e encenada por Boal no Teatro Ruth Escobar, trata-se de uma reunião de textos curtos de vários autores, depoimento teatral sobre o Brasil de 1968. Estão presentes peças de Lauro César MunizBráulio Pedroso, Guarnieri, Jorge Andrade, Plínio Marcos e Boal. O diretor apresenta o espetáculo na íntegra, ignorando os mais de 70 cortes estabelecidos pela Censura, incitando a desobediência civil. Luta arduamente pela permanência da peça em cartaz, depois de sua proibição. No mesmo ano, segue-se Mac Bird, de Barbara Garson, transposição de Macbeth, de Shakespeare, para o universo norte-americano.
Com a decretação do Ato Institucional nº 5, em fins de 1968, o Arena viaja para fora do país, excursionando em 1969 e 1970 pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Boal escreve e dirige Arena Conta Bolivar, inédita no Brasil, que se soma ao antigo repertório.
Em seu retorno, com uma equipe de jovens recém-saídos de um curso no Arena, cria oTeatro Jornal - 1ª Edição, experiência que aproveita técnicas do agit-prop e do Living Newspaper, grupo norte-americano dos anos 30. A equipe denota vigor e talento, vindo a tornar-se o Teatro Núcleo Independente, grupo importante na periferia paulistana dos anos 1970.
A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Brecht, é a última incursão de Boal no coringa. Apesar de não acrescentar grandes novidades na linguagem do grupo, demarca a resistência à razão, em meio a tantas manifestações teatrais voltadas para o místico - sintoma das novas tendências que emergem no início da década.
Preso e exilado em 1971, Boal prossegue sua carreira no exterior, inicialmente na Argentina, onde permanece cinco anos, e desenvolve a estrutura teórica dos procedimentos do teatro do oprimido.
Torquemada, um texto seu sobre a Inquisição, é encenado em Buenos Aires em 1971, eTio Patinhas e a Pílula, em Nova York, em 1974. Muda-se para Portugal, fixando-se por dois anos, trabalhando com o grupo A Barraca, realizando a montagem A Barraca Conta Tiradentes, 1977. Lá escreve Mulheres de Atenas, uma adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, com músicas de Chico Buarque. Finalmente, a partir de 1978 estabelece-se em Paris, criando um centro para pesquisa e difusão do teatro do oprimido, o Ceditade.
Em São Paulo, no mesmo ano, Paulo José dirige para a companhia de Othon Bastos Murro em Ponta de Faca, texto em que Boal enfoca a vida dos exilados políticos. Boal visita o Brasil em 1979 para ministrar um curso no Rio de Janeiro, retornando, no ano seguinte, juntamente com seu grupo francês, para apresentar o teatro do oprimido, já consagrado em muitos países da Europa e de outros continentes.
Somente em 1984, com a anistia, retorna ao Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro, mas viajando para todo o mundo, onde aplica cursos e desenvolve atividades ligadas aooprimido. Realiza encenações internacionais, ao longo e depois do exílio, em Nova York, Lisboa, Paris, Nuremberg, Wuppertal e Hong Kong.
No Brasil, após seu regresso, dirige o musical O Corsário do Rei, texto de sua autoria, com músicas de Edu Lobo e letras de Chico Buarque, em 1985; Fedra, de Jean Racine, comFernanda Montenegro no papel-título, em 1986; Malasangre, de Griselda Gambaro, em 1987; Encontro Marcado, de Fernando Sabino, em 1989; e Carmen, de Bizet, sambópera de Boal, Marcos Leite e Celso Branco, 1999.
Lança vários livros teóricos sobre o seu fazer teatral, tais como: O Teatro do Oprimido e Outras Políticas Poéticas, 1975; 200 Exercícios para Ator e o Não-Ator com Vontade de Dizer Algo através do Teatro, 1977; Técnicas Latino-Americanas de Teatro Popular, 1979; Stop: C'est Magique, 1980; Teatro de Augusto Boal, vol. 1 e 2, 1986 e 1990; Jogos para Atores e Não Atores, 1988; Teatro Legislativo, 1996. Escreve dois textos autobiográficos,Milagre no Brasil, em 1977, e Hamlet e o Filho do Padeiro, em 2000. Sua atuação nessa década encontra-se voltada para o teatro do oprimido, ampliando as conexões entre teatro e cidadania.
Entre outros significativos títulos e prêmios angariados por Boal no exterior, destacam-se o Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres, outorgado pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da França, em 1981, e a Medalha Pablo Picasso, atribuída pela Unesco em 1994. Em 2009, é nomeado embaixador mundial do teatro pela Unesco.
Avaliando a abrangência de sua trajetória, o crítico Yan Michalski destaca: "[...] Até o golpe de 1964, a atuação de Augusto Boal à frente do Teatro de Arena foi decisiva para forjar o perfil dos mais importantes passos que o teatro brasileiro deu na virada entre as décadas de 1950 e 1960. Uma privilegiada combinação entre profundos conhecimentos especializados e uma visão progressista da função social do teatro conferiu-lhe, nessa fase, uma destacada posição de liderança. Entre o golpe e a sua saída para o exílio, essa liderança transferiu-se para o campo da resistência contra o arbítrio, e foi exercida com coragem e determinação. No exílio, reciclando a sua ação para um terreno intermediário entre teatro e pedagogia, ele lançou teses e métodos que encontraram significativa receptividade pelo mundo afora, e fizeram dele o homem de teatro brasileiro mais conhecido e respeitado fora do seu país".1

Notas

RELEMBRANDO A PARTICIPAÇÃO NO CARIRI CANGAÇO - AGORA AGUARDAMDO NOVAA EDIÇÃO

Instituto Nordeste XXI no Cariri Cangaço

 
 
 
 
 
 
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da esquerda pra direita: Inacinho, Josifran (Instituto Nordeste XXI), Nely Gonçalves e Cleodon (presidente do Instituto Nordeste XXI).

O presidente do Instituto Nordeste XXI, Cleodon de Oliveira, representou a instituição na segunda edição do Seminário Cariri Cangaço, realizado entre os dias 17 e 22 de agosto. Cleodon esteve presente em todas as conferências e aponta o evento como uma boa oportunidade de aprender mais sobre a história nordestina. “Participar mais uma vez do Cariri Cangaço foi de fundamental importância. Algo que veio para engrandecer e fortalecer nossa cultura. A história que conhecemos a partir dos livros foi mostrada lá através de novas perspectivas relatadas por historiadores. Simplesmente enriquecedor”, disse Cleodon.

Também presente no evento, Barros Alves, editor chefe da revista Nordeste VinteUm, ressalta a organização do Cariri Cangaço. “Foi um movimento muito bem organizado e dinâmico, contando com palestrantes e debatedores com alto grau de conhecimento sobre o assunto”, conclui o poeta Barros Alves.
Jornalista Antonio Cardoso – Assessor de Imprensa da Revista Nordeste VinteUm

sexta-feira, 7 de junho de 2013

JORNAL A PRAÇA REGISTRA AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS EM IGUATU MARCANDO A SUA HISTÓRIIA - MEMÓRIA

Artista comemoram o Dia do Teatro em grande estilo

Foto: Wandenberg Belém
Artistas visitaram a redação para divulgar o evento
Com o objetivo de organizar a classe artística iguatuense, os grupos de teatros de Iguatu, com apoio de empresas, instituições locais e secretaria de Cultura do Município, comemorarão de 25 a 27 de março, o Dia Mundial do Teatro.
Logo mais às 9h um cortejo percorrerá ruas do Centro, convidando a população a participar da programação. Às 14h na Associação Comercial acontecerá um fórum sobre o tema: “Caminhos e descaminhos do Teatro Iguatuense”. Estão reunidos na realização desse evento as trupes Cia Ortaet de Teatro, Grupo Metamoforse, Elo Vanguarda de Teatro e Grupo Renascer, assim como a Cia Foco de Dança e Projeto Arte Criança.

Amanhã, domingo, 26, a partir das 8h, acontecem oficinas de dança e teatro, na escola Alegria de Viver e na Sede do Lions Clube. Às 18 horas estão marcadas apresentações artísticas com teatro de ator, teatro de bonecos, teatro de rua, show de humor, apresentações de dança e ‘show’ de ‘rock’ com bandas locais, na praça da Matriz. De acordo com a organização do evento, durante a programação haverá a participação de um grupo de dança de Fortaleza e de Teatro da cidade de Trairi.

União

Para a artista Carla Rosana Morais, da Cia Ortaet de Teatro, essa mobilização é uma forma de união e de organização dos grupos de teatros do município. “Acho louvável essa iniciativa dos artistas porque podemos mostrar ainda mais nosso trabalho e cobrar mais ações e realizações da cultura em nossa cidade”.

Cairo Sales, do grupo Metamoforse de teatro, ressalta que com a criação desse movimento independente realizado pelos próprios grupos, além da união dos artistas em lutar por objetivos comuns, aumenta a responsabilidade deles em querer fazer um evento bem organizado e conseqüentemente mostra melhores resultados para o público.

A atriz Aldenir Martins, da Ortaet, acrescentou que outro objetivo do evento é mostrar que em Iguatu se faz teatro e que com a boa aceitação do público fica mais fácil angariar apoio junto à iniciativa privada e governamental. “Aqui fazemos teatro e muito bem”.

Sem teatro

Um dos questionamentos mais freqüentes da classe artista local é falta de locais apropriados para ensaios, reuniões e realizações de oficinas para os artistas. Eles esperam que o teatro municipal tenha suas obras concluídas para abrigar a classe artística.

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MOMENTOS MARCANTES NA HISTÓRIA DO MOVIMENTO CULTURAL EM IGUATU - 2008

Artistas mobilizam para as comemorações

Foto:Divulgação
Os festejos ao Dia do Teatro contará com apresentações teatrais, musicais, danças, exposições, debates e o tradicional cortejo pelas ruas da cidade
Na edição passado o jornal A Praça entrevistou o dramaturgo Cleodon de Oliveira, que ressaltou as últimas novidades da arte no município. Hoje em alusão ao Dia do Teatro, que acontece no próximo dia 27 de março, os artistas iguatuenses estão preparando uma mostra de arte que acontece entre os dias 26 a 29/03.
Os festejos ao Dia do Teatro contará com apresentações teatrais, musicais, danças, exposições, debates e o tradicional cortejo pelas ruas da cidade.
Segundo atriz e diretora Aldenir Martins, esse ano contará com apresentações de grupos teatrais e de danças de Fortaleza e Caucaia. Ela comentou ainda que esse momento é importante para fortificar os grupos locais através de intercâmbio que promove o encontro de outras realidades além de fomentar o desenvolvimento sócio-cultural, turístico e econômico local.
Foto:Divulgação
O Cortejo já é tradição pelas ruas de Iguatu que além de contar com os artistas o momento envolve a população que vai acompanhando o cortejo
O diretor teatral José Filho fortificou dizendo a tamanha importância que esse vento representa de não só trabalhar a auto-estima dos artistas, jovens e adultos envolvidos, mas que também ela possa perceber que o município produz cultura, faz arte, e que existe uma oferecendo a população ao acesso a outras formas de cultura e arte.
“Iguatu, sendo cidade pólo, precisa assumir essa liderança em outros seguimentos e um deles é o artístico-cultural mesmo porque o Iguatu está vivendo um novo momento que está facilitando o surgimento de novos sujeitos e grupos” comentou Filho.
Para que os festejos aconteçam foram firmadas várias parcerias, entre a Associação Iguatuense de Teatro Amador, secretária de Cultura de Iguatu, Sesc-Iguatu e a Teia Cultural do Conjunto Integrado de Projetos do Médio Jaguaribe, (CIPMJ), além de contar com o apoio de empresários locais como VP Propaganda e Jornal A Praça.
“Eu vejo que existe um fortalecimento dos movimentos e de platéia, visto que Iguatu já possui um público cativo e sempre disposto à apreciação das produções desenvolvidas pelos artistas do município. Esses festejos conseguem agregar todas as linguagens da arte visando ao fortalecimento do fazer artístico como um todo”, ressaltou Aldenir 

Revendo matéria do jornal A PRAÇA DE iGUATU

Cleodon de Oliveira ressalta a história da dramaturgia em Iguatu

Foto:Wandenberg Belém
Cleodon de Oliveira
No próximo dia 27 de março é comemorado no mundo o Dia do Teatro. Em Iguatu, terra de grandes artistas, também já começaram as mobilizações para reverenciar essa data. E o Jornal A Praça, como veículo difusor de todas as formas de expressões culturais, publica matérias relacionadas ao teatro em Iguatu. Nessa edição conversamos com um dos principais nomes da arte teatral no município, o ator, diretor de teatro, bonequeiro, entre outras façanhas do mundo artístico, Cleodon de Oliveira. Ele relembra dos áureos tempos de se fazer teatro em Iguatu, fala de novos nomes que vêm se destacando, e ressalta também a luta da classe artística iguatuense por um espaço digno público para apresentações de suas manifestações.
Cleodon de Oliveira, que também é diretor do Projeto Arte Criança, ultimamente vem desenvolvendo a cultura no vizinho município de Assaré. Ele também tem dedicado tempo para criação de dois projetos: um documentário e uma revista que retrata a história do teatro em Iguatu. Muitas fotos, recortes de jornais, folder, cartazes, panfletos, revistas, vídeos e áudio, são guardados com muito carinho pelo artista. Segundo ele, o Sesc Iguatu tem sido desde sua criação em Iguatu um dos principais parceiros e apoiadores da cultura teatral. “Esse projeto que estamos desenvolvendo tem como objetivo fazer um resgate de todo o trabalho voltado para o teatro em Iguatu e servir também de material paradidático usado pelas escolas”, disse, citando como exemplo o renomado ator iguatuense Pedro Lima Verde, aos atores dos tempos de hoje, nomes como Cairo Cesar, Aldenir Martins, Rogério Eleodório, Socorro, Lucinha e muitos outros que vêm surgindo ou que ainda continuam nessa incessante luta de fazer arte numa cidade do interior cearense.
Segundo Cleodon, muitas coincidências contribuem para um certo declínio do teatro no município, como exemplificou o cansaço exaustivo dos atores em tentar sobreviver da arte. Outros foram embora, alguns desmotivados mudaram de profissão e também a falta de parcerias. Mas para Cleodon ainda existem os resistentes e muitos novatos que vem se engajando pela arte. “Se o poder público tem uma secretaria mais atuante, trabalha mais junto dos artistas, principalmente dos mais populares isso fortalece, dá um motivo a todos. Até mesmo contribui para a formação de platéia porque o povo gosta de arte. Por isso são vários fatores negativos e positivos que contribuem para a arte. Um exemplo positivo é o Sesc que aglutina os artistas”, disse, ressaltando que o fortalecimento dos movimentos culturais são os parceiros. “Não dá para sobreviver de arte em Iguatu. Nós artistas temos que sobreviver de outras formas. A militância é grande. E já enfrentamos muitas crises. Os empresários hoje precisam tomar conhecimento de leis de incentivo às artes. Porque eles tomando conhecimento terão suas marcas associadas a manifestações sociais. E isso é bom para eles, investirem em cultura”, complementou.
A história da comemoração do Dia Mundial do Teatro em Iguatu teve início por volta de 1999, quando aconteceu uma reunião de todos os grupos de teatros e fazedores de arte e saíram pelas ruas em cortejo anunciando a data e mostrando que os artistas de Iguatu, sempre foram fortes e resistentes. Desde aquela época a luta sempre foi a mesma: conseguir um espaço, um teatro para realizarem com dignidade seus talentos. Caracterizados, os atores e atrizes saíram de frente do antigo CSU, no Prado, pelas ruas da cidade, movimento esse que vem sendo repetido até os dias de hoje. “O dia mundial do teatro servia como uma troca de experiência, tínhamos contatos com outros artistas, muitas vezes participávamos de eventos fora e trazíamos as técnicas e aprendizados para cá. Um ponto alto além do cortejo são os debates que reúnem um grande número de pessoas em busca de um só objetivo: o reconhecimento da cultura e expressão do artistas iguatuenses. A história é essa. Não é um momento só para comemorar, mas para refletir e discutir com a classe  o teatro. Temos tentado ampliar as participações  a cada ano com a música, dança, teatro de bonecos e outras formas de expressão porque o teatro é a casa de todos os artistas”, disse.
Para Cleodon, os dos principais espaços que devem ser explorados são as escolas. Para ele é preciso levar a arte para dentro delas porque são ambientes naturais da forma de expressão cultural dos povos. Ele ressalta que uma escola não pode sobreviver sem cultura, porque se torna uma escola morta. Cleodon também cobra a participação das universidades, como os próprios nomes dizem são universos. “As faculdades aqui são fechadas para a população, se fazem alguma manifestação ninguém poucos tomam conhecimento. É preciso mudar isso. Elas têm que se abrirem para as pessoas”, finalizou, dizendo que os artistas continuam batendo na mesma tecla de um espaço para valorização do seu trabalho. “Se realmente o teatro for inaugurado agora será muito bom. Pela sua estrutura que vi é um ambiente muito agradável ao artista que sempre lutou por um espaço aqui desde muitos tempos atrás”.

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